Dom Gurgel
Soldado, policial, perseguido político, padre, escritor. Milton Praxedes Gurgel, mais conhecido como Dom Gurgel, é um dos grandes enigmas da literatura brasileira do século XX. Publicou dezenas de livros e vendeu milhares de exemplares em uma rede totalmente alternativa, sem ser notado pela academia nem pelo circuito comercial. Livros nos quais ele confessa seus pecados, suas angústias, suas bebedeiras e suas ressacas. Sempre com um humor surpreendente.
Dom Gurgel nasceu em São Bento do Bofete (atual Janduís), no Rio Grande do Norte. Exerceu diversas profissões e chegou a participar das Ligas Camponesas, de Francisco Julião. Mas quando chegou o Golpe Militar, era sargento do Exército. Foi cassado pelo Ato Institucional Número 1, de 9 de abril de 1964. Ficou preso no navio Raul Soares, célebre e terrível centro de torturas da ditadura.
Depois de solto e expulso do Exército, escreveu Recordações de Um Soldado e exerceu diversas atividades para manter a numerosa família: montou um bar, foi guarda noturno etc.
Em 1969, construiu a Igreja do Senhor Bom Jesus das Oliveiras, na zona sul de São Paulo. Dom Gurgel teve seu momento de celebridade televisiva quando apareceu no programa do Sílvio Santos comendo grilos para, com o dinheiro do cachê, reparar o telhado de sua igreja, que havia sido destruído por uma tempestade. Agonia de um Padre Casado (Veneta, 2015) foi escrito em 1985.