Rafa Campos Rocha: “John John é quase um autorretrato meu”
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Por Seham Furlan
Rafael de Campos Rocha descobriu o gosto pela leitura ainda criança. Não demorou para que os quadrinhos despontassem em seu horizonte, aos 12 anos, ao conhecer autores como Moebius, Philippe Druillet e Richard Corben. Atualmente, Rafa faz quadrinhos, arte e roteiro de desenho animado. É autor de Deus aos domingos e Lobas (ambos da Veneta), entre vários outros livros.
Ele é o responsável pelo traço que dá vida a John John Florence, um cachorrinho esperto e malandro, com nome de surfista famoso, que é o protagonista do novo livro do selo OH!, O paraíso de John John. Conversamos com o quadrinista sobre sua relação com os gibis, bichos de estimação e infância. Confira a entrevista completa a seguir.
Com roteiro de Juliana Frank e André Curtarelli, O paraíso de John John segue disponível em nosso site e nas melhores livrarias.
Oh!: Como você começou a se interessar por histórias em quadrinhos? Quando começou a fazê-las?
Rafa Campos Rocha: Eu realmente pensei em ser quadrinista aos 12 anos, quando tive contato com Arzach, de Moebius, Lone Sloane, de Druillet, Den de Corben e esses caras da Metal Hurlant. Eu gostava dos gibis de heróis da Marvel, mas não via sentido em desenhar personagens que não eram meus e sobre os quais eu não teria liberdade. Aos 13, me interessei por Krazy Kat, do Herriman, e achei que meu trabalho poderia beber nessa fonte, unindo-a ao futuro decadente das ficções científicas dos anos 70 e 80 francesas.
Oh!: Alguma leitura te marcou quando criança? Se sim, qual?
R. C.: Eu fiquei marcado pelos livros de arte, principalmente do renascimento italiano e pela pintura flamenga de Bosh. Lembro de ter lido muito Júlio Verne antes da adolescência e histórias de aventuras, como as coisas do Tolkien. Li O Círco do Dr. Lao logo que aprendi a ler e aquilo me marcou demais, assim como o Caneco de Prata e aquelas séries que líamos nas escolas.
R. C.: Tive um cachorro enorme, chamado Astor. Era um pastor belga que brincava super bem comigo e meus irmãos, mas odiava os adultos que brincassem com a gente. Acho que meu pai acabou dando o cachorro, antes que ele devorasse alguma visita adulta. Se bem que o tio Eurico nunca mais foi visto, depois de ter jogado futebol comigo, por alguns minutos, lá pelos idos de 1978.
Oh!: Do que você mais gosta no John John?
R. C.: O John John é um megalomaníaco autoindulgente e autoiludido a respeito das próprias habilidades, carisma e conhecimento. Quase um autorretrato meu e para desenhá-lo, bastava olhar minha cara no espelho.
Oh!: Você também tem um cachorro, o Soluço. O John John tem algo dele?
R. C.: Bom, o Soluço parece mais a criança que é dona do John John, assim como eu pareço mais o John John que o próprio Soluço.
Oh!: Como seria o paraíso de Rafa Campos?