Triste, trágica e absurda a morte de Bruno Pereira e DomPhillips. Meus sentimentos às famílias e amigos. O momento é de pesar e de revolta. Dom era um amigo que, na última década, havia se tornado referência na cobertura sobre o Brasil em veículos como Guardian, Financial Times e TheNew York Times.
Mas eu queria lembrar um pouco do DomPhillips de antes disso, de seu trabalho igualmente brilhante na cobertura da música eletrônica e dos movimentos clubber e raver. Sob sua batuta, a revista Mixmag e tornou a principal publicação de dance music do Reino Unido (e talvez do mundo, dada a influência britânica em cenas de toda parte). Dom entrou para a revista em 1991 e foi seu editor entre 1993 e 1997. Colaborou com a publicação até 1999.
Capa da segunda edição da Mixmag, editada por Phillips (1994)
Em 1992, quando produtores como Leftfield e Spooky começaram a fazer house com uma pegada mais hipnótica e elaborada, foi Dom quem propôs chamar essa onda de “progressive house” em uma matéria para a revista. Dois anos depois, colocou o DJ Sasha na capa com uma auréola na cabeça e os dizeres “Son of God”, registrando ali o nascimento do fenômeno dos DJs superstars daquela década. Em 1998, veio ao Brasil pela primeira vez. O motivo era cobrir a apresentação de um DJ inglês no antigo clube Florestta, na Vila Olímpia. Foi o começo de seu relacionamento apaixonado com o Brasil.
No fim dos 2000, já morava aqui e editava a versão BR da revista. A gente se encontrava sempre num quilo perto da Paulista para almoçar (ele morava por ali, eu trabalhava). Me contava das suas tentativas de cobrir funk e gêneros periféricos, mas o publisher só queria falar de clubes playbas. Foi nessa época que ele lançou o excelente livro “Superstar DJs Here We Go”, sobre a ascensão e queda dos mega-DJs e da primeira onda clubber no Reino Unido. Com a ótima escrita de Dom e os inúmeros causos, é daqueles livros que você não consegue largar antes do fim.
Reli ontem inúmeros emails e mensagens que trocamos ao longo dos anos. Dom era sempre atencioso, gentil, bem-humorado e um interessado estudioso do Brasil. A tristeza é imensa.
Que siga nos inspirando a fazer sempre o melhor.
* Nascido em São Paulo em 1968, Camilo Rochaé DJ e jornalista, reconhecido como um dos principais especialistas em dance music no país. Já escreveu para veículos como a revista Bizz, Folha de S.Paulo, Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, O Globo e Nexo, atualmente prepara pela Veneta um livro sobre a história da cena noturna de São Paulo.
*por Rômulo Luis Tristan Perreton é um homem de muitos nomes. Como ilustrador, tornou-se famoso na internet nos anos 2000 com posteres de shows e festivais de música
Este site usa cookies próprios e de terceiros para garantir uma melhor experiência ao usuário. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de cookies.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. This category only includes cookies that ensures basic functionalities and security features of the website. These cookies do not store any personal information.
Any cookies that may not be particularly necessary for the website to function and is used specifically to collect user personal data via analytics, ads, other embedded contents are termed as non-necessary cookies. It is mandatory to procure user consent prior to running these cookies on your website.