Descrição
“Hora de partir pro inferno!”
Quem embarca no navio Hakuko Maru é alertado de seu destino. Parece ser a única alternativa que resta para aqueles desempregados, pequenos comerciantes falidos, camponeses sem-terra, jovens pobres e outros rejeitados da sociedade. Ainda assim, ninguém está preparado para o inferno que é a rotina do navio. Naquele misto de barco e fábrica, em alto mar, os trabalhadores não têm qualquer direito e estão à mercê da exploração brutal e da violência dos capatazes do conglomerado pesqueiro. Alguns morrem de desnutrição, outros de maus tratos. Os trabalhadores então descobrem que, se não querem trabalhar até à morte, terão que resistir e lutar pela vida.
Um clássico da literatura japonesa do século XX, numa emocionante versão em quadrinhos. Publicado originalmente em 1929, o romance Kanikosen custou a vida de seu autor, Takiji Kobayashi. Por causa do imenso sucesso do livro, Kobayashi despertou a ira do governo e das classes dominantes japonesas. Depois de viver um tempo na clandestinidade, o escritor foi preso, brutalmente torturado e, por fim, assassinado pela polícia em 1933. Ele tinha apenas 29 anos.
Kanikosen ficou proibido por muitos anos, mas acabou redescoberto e, desde então, tem sido um dos romances mais cultuados do Japão, com diversas versões para o cinema, teatro e esta celebrada adaptação para o mangá feita por Gō Fujio.
Sobre os autores:
Gō Fujio nasceu na província de Gunma e trabalhou com design industrial antes de se dedicar aos mangás e às ilustrações. Além de Kanikosen, seus principais trabalhos são Masashige Kusunoki, da série A História do Japão por suas Personalidades, A Revolta da Cavalaria, Golf Trouble 110 Ban, entre outros.
Takiji Kobayashi nasceu em 1903, na província de Akita. Enquanto trabalhava na fábrica de pães do seu tio, começou a frequentar a Escola Superior de Comércio, de Otaru, conhecida por ter formado diversas personalidades que tiveram atuação de destaque não só no mercado empresarial, mas também no mundo das artes, da ciência e da política.
Após se formar, tornou-se empregado de um dos maiores bancos do país, enquanto, em paralelo, trabalhava na revista independente Kurarute e pesquisava as obras de grandes autores mundiais. Foi na revista Bungei Sensen que Takiji fez sua estreia no mundo literário com a peça Onna Shûto (A Prisioneira). Depois, ele publicaria diversos romances na revista Senki, incluindo Kanikosen, em 1929, redefinindo para sempre os rumos para a literatura proletária japonesa.
Com o sucesso de Kanikosen, mudou-se para Tóquio e tornou-se secretário da Aliança dos Escritores Proletários do Japão, manifestando-se contra a expansão da guerra de ocupação japonesa. Foi quando filiou-se ao Partido Comunista do Japão. Depois da grande repressão aos movimentos de cultura proletária, em 1932, Takiji passou à clandestinidade e acabou preso pela Polícia Especial do Japão.
Foi torturado e morto. As autoridades declararam que a causa da morte foi parada cardíaca, mas não permitiram que o corpo passasse por autópsia. Ainda por cima, decretaram o banimento de suas obras, e assim elas permaneceram até o fim da guerra. Hoje, após ser redescoberto anos depois, Takiji Kobayashi é reconhecido como um grande mártir da literatura proletária e um dos mais reverenciados e estudados escritores japoneses.
Frases de imprensa:
“As histórias de Kobayashi não são ‘propaganda partidária’ nem se enquadram no burocrático realismo socialista. Elas contêm as melhores qualidades da literatura proletária – narrativas cativantes, imagens nítidas e personagens memoráveis, tanto individuais quanto coletivas. Suas obras iluminam a vida de trabalhadores comuns, camponeses, mulheres e militantes comunistas de um período fascinante da história japonesa caracterizado pela intensificação da luta de classes.” – Jacobin