Editorial
Confira aqui: https://jornalmaio.org/
Vemos, ouvimos e lemos que…
Na República do lado de lá do Atlântico, governa o candidato a grande ditador, Trump.
Da Casa Branca, agora dourada, manda os “europeus” acabar com as despesas sociais e investir na guerra.
Guerra genocida contra o povo palestiniano, guerra contra a Rússia, guerra contra a China, guerra contra quem se opuser aos seus desígnios hegemónicos no mundo.
Trump quer, porém, guerrear o mais economicamente possível.
Usa o carniceiro Netanyahu para exterminar o povo da Palestina.
Usa os “europeus” e Putin para pagar a sua máquina de triturar jovens russos e ucranianos.
Na República do lado de cá do oceano, o cabo de esquadra é Montenegro, (ex?) chefe da Spinumviva. Um protegido do grande capitalista Violas. Um aliado do tavernícola Ventura.
Estão para adotar, juntos, um pacote laboral e legislativo. Pilota-o a ministra do Trabalho, que tem ao seu lado, na vida, um tal António Ramalho, capitão da pilhagem do NovoBanco, agora agraciado com centenas de milhões de euros pelos texanos agradecidos.
O pacote é para acabar com os direitos dos trabalhadores e proibir virtualmente a greve.
Passam uma “lei dos estrangeiros” que divide os estrangeiros em dois grupos assim definidos:
És rico? Vem! Compra casas! Tens direitos especiais, não pagas ou pouco pagas de impostos.
És pobre, queres vir trabalhar? Pagas impostos e contribuições como os outros. Direitos (e casa) não tens nem terás. Tens direito a um patrão, que te explora — e frequenta a taberna do Ventura.
No centro da Europa, os governos veem-se às aranhas para cumprir as ordens de Trump. Em França, primeiros-ministros caem como moscas, a tentar cortar pensões, salários, direitos. Na Alemanha, o chanceler avisa a navegação: o “Estado social” já não é financiável. Anuncia um “novo paradigma”; e investe centenas de milhares de milhões na guerra.
É no meio disto tudo que aparece o jornal Maio.
Porquê?
E para quê?
Portugal é um dos países do mundo com maior grau de concentração na comunicação social1. Os jornais e televisões “de referência” pertencem às famílias mais ricas do país.
Há um século, centenas de jornais, que vendiam milhares e milhares de exemplares, eram escritos e publicados por trabalhadores: sindicatos, organizações políticas, coletividades…
Hoje, o movimento operário e sindical mal tem voz pública própria.
Maio, pois: o mês em que — derruída a ditadura, ao findar Abril — os trabalhadores se lançaram à conquista de todos os direitos democráticos, políticos, laborais, de que ainda hoje gozam, embora cada vez menos, e lhos queiram tirar.
Eis porquê o Maio.
E para quê?
Para devolver a voz ao mundo do trabalho. Para ser uma voz dos explorados e oprimidos. Para falar das suas lutas. Das suas vidas e trabalhos. Das suas aspirações e deceções. Das suas dores e alegrias. Da sua cultura e sensibilidade. Da sua revolução passada e da sua revolução futura.
Para os ajudar a encontrar, pela organização, pela discussão, pela mobilização, pela unidade, o caminho da emancipação.
Em Abril de 1974, por milagre, todo o mundo, assustado, se tornou “socialista” por momentos. Nos seus desenhos, o pintor João Abel Manta imortalizou essa conversão em massa.
No Maio, somos pelos trabalhadores. Portugueses e imigrantes. Contra o capital. Somos socialistas.
