Por Rogério de Campos
Como editor, Denis Kitchen publicou autores como Robert Crumb, Harvey Kurtzman, Al Capp e Milton Caniff, foi o responsável pelo retorno de Will Eisner aos quadrinhos a partir do início dos anos 1970 e publicou a primeira versão de Maus, de Art Spiegelman. Como quadrinista, foi um dos principais artistas do movimento dos comix underground. Como pesquisador, é autor de alguns dos melhores livros sobre quadrinhos norte-americanos. E foi o fundador do Comic Book Legal Defense Fund, a organização que há quase quarenta anos tem liderado a luta contra os ataques obscurantistas aos quadrinhos nos Estados Unidos. O lugar de Denis Kitchen na história dos gibis são muitos.
Dois quadrinhos de “Maus”, de Art Spiegelman, na edição nº 2 da Comix Book, seis anos antes da série ser retomada na revista Raw.
Assim, quando Eisner me apresentou a ele, décadas atrás, na convenção de San Diego, é evidente que eu já sabia de quem se tratava. O primeiro livro gringo sobre quadrinhos que comprei foi o pioneiro The Art of Will Eisner, de Catherine Yronwode e Denis Kitchen, publicado em 1982 pela Kitchen Sink, a editora que Denis fundou em 1970. Li e reli esse livro várias vezes, mas não só: por muito tempo o selo da Kitchen Sink foi dos mais frequentes nos gibis das minhas estantes.
A intermediação de Kitchen foi essencial para a Veneta publicar Shmoo, de Al Capp.
Cartunista político: Kitchen fez campanha para o cargo de vice-governador de Wisconsin pelo Partido Trabalhista Socialista, em 1970.
Conversamos a respeito de Al Capp (além de tudo, Kitchen é autor, junto a Michael Schumacher, da principal biografia do quadrinista — Al Capp: Life to the Contrary), de Eisner, de Kurtzman (ele também é coautor, com Paul Buhle, do livro The Art of Harvey Kurtzman) e até de Stan Lee!
Você publicou Kurtzman, Crumb, Capp, Eisner e Spiegelman, talvez o quinteto que mais influência teve no desenvolvimento dos quadrinhos nos EUA dos últimos setenta anos. Dos cinco, Kurtzman e Capp foram aqueles cuja influência se espalhou para além dos quadrinhos e definiu muito do que foi a comédia americana a partir dos anos 1960. No entanto, são justamente eles dois que são menos lembrados pelo público hoje em dia. Explica-se por eles terem se aposentado dos quadrinhos antes ou o humor perdeu a força como gênero no mundo dos gibis?
Acho que você está certo: Kurtzman e Capp são os menos lembrados desse grupo hoje. Kurtzman ficou fora dos quadrinhos por um longo tempo, depois que saiu da Mad e seu experimento com Humbug fracassou. Ele então fez revistas de humor com poucos quadrinhos. Teve a série "Little Annie Fanny" para a Playboy. Mas, por mais bonitas que fossem aquelas páginas de "Annie", muitos fãs, inclusive eu, acham uma pena que ele tenha tido que fazer aquele material estereotipado para Hugh Hefner em vez de coisas mais pessoais e experimentais como O Livro da Selva. O legado de Al Capp desapareceu, pelo menos nos Estados Unidos, porque sua carreira terminou em escândalo: ele foi revelado como um predador sexual, e isso arruinou sua carreira. Fora dos Estados Unidos, acho que publicação de Li’l Abner foi prejudicada pela dificuldade que é traduzir o dialeto “hillbilly” [caipira] dos personagens.
Pessoalmente, continuo sendo um grande fã do trabalho de ambos. Acho que o humor não é tão popular hoje porque os super-heróis, graças a Hollywood, dominaram todos os outros gêneros, mas precisamos de humor hoje mais do que nunca!
O logo da Kitchen Sink Press, por Robert Crumb, 1985.
Você acredita que a contribuição de Al Capp para a sátira política e social nos quadrinhos é subestimada?
Sim. Ele estava tão à frente da sua época que quase não há comparação. Ele tinha um excelente olho e ouvido para a hipocrisia na política e para expor as falhas da natureza humanas, e satirizava essas coisas de maneiras continuamente inventivas. E, ao mesmo tempo, criou novas instituições americanas como o Dia da Maria Cebola, explosões comerciais como o Shmoo, spin-offs como Fearless Fosdick e adicionou novas palavras à língua inglesa. Ele foi um rolo compressor criativo e empresarial sem precedentes em sua época. Suas criações seriam muito mais apreciadas hoje se seu legado não fosse manchado pelos escândalos.
Como você descreveria a experiência de editar três figuras tão diferentes como Will Eisner, Harvey Kurtzman e Robert Crumb? Que tipo de abordagem editorial cada um exigiu?
A edição tradicional não se aplica a figuras como essas. Todos os três, acredito, são verdadeiros gênios, e um editor ou publisher seria tolo de tentar se meter em seus trabalhos. Will Eisner, dos três, foi o mais receptivo à edição. Ele tinha ideias muito fortes, mas acolheu um editor que trouxesse objetividade aos enredos e personagens. Ele frequentemente seguia as sugestões, mas em certo momento dizia: "Chega!", e a partir de então era apenas a sua própria voz. Kurtzman era um editor com um grau de exigência que às vezes alienava outros cartunistas, especialmente colaboradores como Wally Wood e George Evans, na época em que ele estava na EC. Harvey era tão confiante em sua própria abordagem que resistia a qualquer modificação. Ele sempre foi inflexível quanto à alta qualidade do papel e do design, e fazíamos o possível para satisfazê-lo. Senti pena de Harvey no final de sua carreira, porque Hugh Hefner e, em seguida, Michelle Urry, editora de cartuns da Playboy, o forçaram a fazer várias mudanças que iam contra seus instintos. E Crumb? Não se pode dizer nada a ele. Crumb faz tudo como quer, caso eu insistisse demais em um ponto, ele simplesmente levava seu trabalho para outro lugar [risos].
A revista The Spirit Magazine nº 30 apresentou esta capa coletiva desenhada por uma seleção de quadrinistas.
Por Will Eisner (1), Milton Caniff (2), John Pound (3), Pete Poplaski (4), Denis Kitchen (3), Richard Corben (6) e Leslie Cabarga (7).
Quais foram os maiores desafios ao escrever a biografia de Al Capp, considerando tanto sua genialidade quanto suas controvérsias pessoais?
Michael Schumacher e eu nos esforçamos para mostrar a essência de um homem muito complexo em Al Capp: Life to the Contrary. Não há como encobrir ou pedir desculpas pela atitude predatória em relação às mulheres, mas Capp também tinha muitas qualidades, além de seu talento no desenho e na escrita. Ele era com frequência generoso de maneiras nunca tornadas públicas (apesar dele ser um mestre em autopromoção, nisso não havia ninguém melhor que ele no mundo dos quadrinhos) e era realmente engraçado e divertido, razão pela qual era um convidado tão frequente em programas populares de TV e rádio. O maior desafio foi tentar encontrar evidências concretas de seu lado sombrio, porque muitos incidentes pareciam ter sido encobertos ou suas vítimas subornadas. Sua filha, Julie, continua sendo sua maior fã e defensora, e a linha ética para nós era contar partes da história de vida de seu pai que ela negava com veemência, mesmo quando as evidências contradiziam a posição da família. Sempre optamos por fatos em vez de memórias quando os fatos eram evidentes.
Como foi o processo de pesquisa para reconstruir a trajetória de Capp — houve resistência de pessoas próximas a ele ou os arquivos eram de difícil acesso?
Quase todos os seus amigos e colegas contemporâneos já haviam falecido quando escrevemos a biografia. No entanto, houve, sem dúvida, resistência da família em contar toda a história de Capp, como mencionei antes. O acesso aos arquivos completos foi restringido por sua filha. Mas, ironicamente, depois que a biografia foi publicada, a família me pediu para entregar seus arquivos a uma instituição, e eu me vi — tarde demais — em posse de cerca de 35 caixas de material. A vida às vezes se mostra engraçada.
Como foi para você, que fez parte da contracultura, que fez parte do movimento contra a Guerra do Vietnã e que até era filiado ao Socialist Labor Party, trabalhar com o material de Al Capp, levando em consideração o fato de que ele se tornou um direitista tão ferrenho no final da vida?
É certo que parece irônico, concordo. Eu me apaixonei por "Li'l Abner" quando era jovem, quando Capp era politicamente muito liberal, e ele permaneceu assim até o final da década de 1960, quando se indignou com o movimento antiguerra e com os estudantes em geral. Alguns observadores achavam que Capp se voltou para a direita para obter publicidade — sua especialidade — e, como há tão poucos humoristas na direita, ele quase teria o monopólio dos leitores conservadores. Mas eu acho que ele foi sincero em sua mudança de opinião política.
Em um almoço com Will e Ann Eisner, ela me contou que foi um choque para eles quando Al Capp foi para a direita. “Ele costumava ser um radical (revolucionário, na terminologia política norte-americana) como nós”. Achei curioso porque certamente Eisner nunca foi um esquerdista radical. Paul Buhle me disse que foi você que fez o Eisner se mover para a esquerda nos anos 1970. Mas também achei curioso porque me parece que a antipatia de Eisner por Al Capp já vinha de muito antes.
Também me surpreende que Ann tenha usado o termo "radical" para si, Will e Capp. Al Capp era um democrata liberal, nada mais, nada menos, até sua mudança abrupta por volta de 1967. Em relação ao Will Eisner, ele era o que eu chamaria de um democrata tradicional quando o conheci. Mas ele, como muitos democratas da época (pense na tumultuada convenção democrata de 1968), apoiava a Guerra do Vietnã. Acho que isso se devia sobretudo ao fato de que, quando o conheci, ele fazia uma revista, a PS, para o Exército dos EUA há cerca de vinte anos. O profundo envolvimento com militares o influenciou, creio eu, a apoiar a guerra. Tivemos conversas honestas sobre a guerra e fiz o meu melhor para explicar por que minha geração se opunha tanto a ela. Aos poucos — como, aliás, a maioria dos americanos— ele mudou de opinião. Will era um verdadeiro humanista e progressista nos anos em que o conheci.
Capa de uma das edições de The Spirit publicada por Denis Kitchen, que colocou Will Eisner para fazer a capa de um gibi underground, Snarf nº 3.
Você tem razão sobre a antipatia dele por Capp. Pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial e do fim dos anos de Eisner no exército, ele conheceu Capp em uma reunião da Sociedade Nacional de Cartunistas em Nova York. Capp declarou estar impressionado com "The Spirit" e Will, já fã de "Li'l Abner", ficou muito feliz com os elogios de Capp e mencionou que a revista Newsweek estava planejando uma matéria sobre ele. Essa referência à mídia aguçou os ouvidos de Capp, e ele logo sugeriu que os dois parodiassem os quadrinhos um do outro como modo de obter publicidade adicional. Capp e os criadores da tira "Mary Worth", alguns anos depois, fizeram isso e ganharam muita cobertura da imprensa. Eisner adorou a ideia de uma briga falsa com um cartunista muito mais famoso e rapidamente criou essa história clássica do Spirit, chamada "Li'l Adam". A Newsweek acabou fazendo uma matéria de capa com Capp. E Will percebeu que havia sido enganado: Capp nunca fez sua parodia-homenagem ao Spirit.
A paródia que Will Eisner fez de Al Capp, 1947.
Houve um incidente posterior também, muito mais doloroso. Will mencionou a Capp em outra reunião do Sociedade dos Cartunistas que ele em breve daria uma palestra, em algum lugar no interior do estado de Nova York, e que estaria hospedado em um determinado hotel. Will ainda era solteiro naquela época e, como ele mesmo admitiu, "não era um conquistador". Quando ele estava no bar do hotel após a palestra, uma mulher atraente fez contato visual com Will e demonstrou interesse por ele. Uma coisa levou à outra e eles acabaram no quarto de Will. Mais tarde, ela foi embora. Na manhã seguinte, o telefone tocou no quarto de Will, e a ligação era de Capp, o que Will achou bastante estranho. Capp perguntou, zombeteiro: "Como estava aquela gata ontem à noite?". Will, ainda confuso, perguntou: "O que você sabe sobre a noite passada?". Capp respondeu: "Calma... Eu paguei por ela!" e gargalhou. Will, que estava feliz, pensando que a mulher havia de fato se interessado por ele, nunca perdoou aquela pegadinha.
O que você acha que causou a guinada política de Al Capp na década de 1960? Para usar as palavras de John Updike, como a Esquerda o magoou?
Capp veio de uma família muito pobre e, desde os dez anos de idade, tinha apenas uma perna e sofria com uma prótese barata e mal ajustada, não tinha condições de pagar a faculdade. Mas, sempre malandro, ele se matriculava em uma escola de artes, garantindo que seu "tio" pagaria a mensalidade em breve. Depois de um semestre, ele era expulso por falta de pagamento e, em seguida, se matriculava em outra escola. Ele fez isso várias vezes! Capp teria adorado estudar em uma escola de elite. Então, muito mais tarde, quando Capp, morando em Boston, viu manifestantes estudantis antiguerra atirando pedras e balançando com violência o carro do presidente de Harvard, seu amigo, ele ficou genuinamente chocado. Para ele, aqueles estudantes tinham muita sorte de ter suas mensalidades caras pagas por pais abastados e deveriam ter sido gratos por estarem em Harvard. Deveriam estar em seus dormitórios estudando, não nas ruas com cartazes. Capp via os estudantes que protestavam como uns ingratos que precisavam de banho e um corte de cabelo. Perdi o interesse em suas tiras e o respeito por ele naquele momento, em especial quando ele se tornou amigo íntimo de Richard Nixon, que foi o pior presidente imaginável antes que alguém pudesse imaginar Donald Trump.
Mas mesmo quando Capp se tornou um direitista, ele ainda conseguia impressionar com sua sátira e suas tiradas mordazes direcionadas à esquerda. Por exemplo, ele criou uma personagem em "Li'l Abner" chamada Joanie Phoanie. Ela era uma cantora folk egocêntrica e detestável, uma liberal de limusine. Quando visitou um orfanato, não prometeu nem comida nem dinheiro, mas "algo para saciar suas mentes famintas", ou seja, canções de protesto. Assim, como era de se esperar, quando repórteres perguntaram à cantora folk Joan Baez o que ela achava da sátira de Capp, ela demonstrou toda a sua raiva, dizendo que a representação que Capp fez dela era "repugnante" e que estava considerando uma ação judicial.
Por semanas, Capp permaneceu em silêncio. Então, quando repórteres o abordaram com a reação de Baez, Capp alegou que nunca ouvira seus discos nem sequer sabia como ela era. Ele enfatizou que sua personagem de quadrinho era avarenta, hipócrita e grotesca. "Se a Sra. Baez tem alguma semelhança com essa personagem, sinto pena dela", disse ele, sabendo muito bem que todos os leitores e repórteres sabiam que ele a estava satirizando. Mas então veio sua provocação que impressionou até a mim, um hippie que não gostava da nova direção política de Capp. "A Sra. Baez ganha a vida protestando", disse ele, apontando o óbvio: "Mas eu também não tenho permissão para protestar?" Foi um lembrete de que ninguém deve ser imune à sátira política e que a Esquerda também pode ser hipócrita.
Então, nunca me esqueci de como Capp foi um observador atento e quadrinista maravilhoso por muitos anos. Sempre pensei que um dia escreveria um livro sobre sua vida e carreira, ambas estranhas e conflitantes.
Você foi o fundador do Comic Book Legal Defense Fund há quase 40 anos. Como vê a situação da liberdade de expressão nos quadrinhos hoje em comparação com o que era antes?
O cenário mudou. Durante os primeiros anos do CBLDF, os casos típicos envolviam policiais locais ou promotores prendendo ou pressionando varejistas que vendiam gibis que as autoridades não gostavam. Lutamos nesses casos e quase sempre vencemos. Hoje em dia, é mais complicado porque temos quadrinhos em grandes redes de livrarias e, portanto, um público muito mais amplo e mais oportunidades de ofender pessoas que podem ter rígidas visões morais ou religiosas. E temos quadrinhos adultos na web que podem ser acessados por crianças inteligentes. Temos visto agentes alfandegários agressivos que às vezes param pessoas e confiscam celulares com conteúdo questionável e, em muitas comunidades, os pais estão removendo ou tentando proibir histórias em quadrinhos das quais não gostam em escolas públicas e bibliotecas.
Você conseguiu fazer um gibi underground dentro da Marvel. Como foi a experiência? Como foi trabalhar com Stan Lee?
Stan Lee tentou me contratar várias vezes no início dos anos 1970, mas eu sempre resisti. Não me entenda mal: parte de mim ficou animada com o convite. Mas eu tinha meu próprio emprego e adorava. A Kitchen Sink Press era meu bebê. Eu podia fazer o que quisesse. A ideia de me mudar para Nova York e receber ordens de outra pessoa — até mesmo de Stan Lee — não me agradava. Mas em 1973, a Suprema Corte dos EUA mudou sua definição de obscenidade, dando às autoridades locais o direito de defini-la, e rapidamente muitas head shops — nossos principais pontos de venda — entraram em pânico e abandonaram os quadrinhos underground. Então liguei para Stan e perguntei se ele ainda queria conversar. Ele quis. E me levou de avião para Nova York.
A revista Comix Book nº 2, de 1974.
Martin Goodman, dono da Marvel por muitos anos, tinha acabado de se aposentar e nomeado Stan como publisher. Stan era ótimo como escritor e editor, mas não era um publisher experiente. Ele também estava se tornando um palestrante popular em campi universitários, mas tinha cerca de cinquenta anos na época, e minha impressão era de que queria parecer "descolado" com a galera, então fazer um gibi com jovens artistas de cabelos compridos lhe daria alguma "credibilidade nas ruas". Sabendo de tudo isso, consegui negociar coisas que a Marvel em situações normais jamais consentiria: ele concordou em devolver todas as artes originais, uma medida sem precedentes para qualquer editora de quadrinhos tradicional. Ele permitiu palavrões e nudez limitada. E o mais chocante de tudo, ele permitiu que os criadores mantivessem os direitos autorais. E, muito importante para mim, eu poderia trabalhar em Wisconsin, mas com um salário de Nova York. Parece inacreditável em retrospecto. E, da perspectiva dos criadores, a Comix Book estava de repente nas bancas de jornal de todo o país, com uma tiragem de 200.000 cópias em vez de cerca de 10.000. O preço pago por página também era desproporcionalmente maior. Naturalmente, depois de um tempo, os colaboradores mais antigos da Marvel ficaram sabendo do meu acordo. Alguns deles foram até Stan, chateados, dizendo: "Por que você está dando a esses hippies um monte de vantagens que nós não temos?"
O jovem Denis Kitchen no final dos anos 1960.
Stan não tinha resposta para isso, e assim, depois de três edições, cancelou a Comix Book. Eu tinha mais duas edições prontas — e ele até permitiu que a Kitchen Sink publicasse a quarta e a quinta edições. Naquela época, minha empresa e os comix underground já haviam se recuperado da "quebra de 73" e a vida continuava. Mas minha empresa talvez tivesse falido não fosse aquele acordo com Stan. Foi um salva-vidas perfeitamente cronometrado. Então, eu nunca tive problemas com Stan. Ele sempre foi um cara legal comigo. Mesmo mais tarde, quando a Dark Horse publicou The Best of Comix Book, ele gentilmente escreveu a introdução, dizendo que era uma das coisas que ele fez em sua carreira da qual mais se orgulhava.
Rogério de Campos é autor de livros como Um Santo em Marte, O Segredo da Sedução do Inocente e Revanchismo. E é também autor de uma elogiada tradução do texto integral de Genesis, para a HQ de Robert Crumb.