Alice Méricourt: “É importante que as crianças entendam o mundo em que vivem”
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Conversamos com Alice Méricourt, coautora de Ratolândia, sobre política, crianças e livros
Por Leticia de Castro
Formada em História e Literatura, Alice Méricourt mora em Besançon com seu gatinho Dovahkiin – que é “bem mais legal que os gatos do livro”, diga-se de passagem – mas já teve também dois ratinhos de estimação: Minion e Gratouille.
A ideia para Ratolândia, no entanto, não veio da convivência com esses bichinhos, mas da vontade de conversar sobre um assunto sério com as crianças à sua volta: política e democracia. Ao pesquisar o tema no Google, sem muita pretensão, ela se deparou com um famoso discurso de Tommy Douglas, líder social-democrata canadense, da década de 1940. Douglas contava uma fábula de um país de ratos governado por gatos, que criavam leis ótimas para os bichanos, mas péssimas para os ratos. Foi a fagulha que inspirou a criação do livro.
Batemos um papo com ela sobre esses temas!
VENETA: Qual a sua idade?
ALICE MÉRICOURT: Tenho 27 anos.
V.: Como teve a ideia de transformar o discurso de Tommy Douglas em um livro ilustrado?
A. M.: Tenho muito interesse em política e democracia e tenho muitos priminhos também! Um dia, fiquei pensando como eu poderia explicar esses assuntos a eles. Em uma pesquisa na internet encontrei um vídeo de Tommy Douglas. Foi assim que comecei a trabalhar no discurso.
Um livro ilustrado me pareceu um bom caminho para passar aos meus primos crianças algumas noções básicas de política. Então, liguei para alguns editores e não demorou para que o primeiro me retornasse. Ele ficou bastante interessado!
V.: Qual a importância, na sua opinião, de introduzir política a crianças?
A. M.: Acho importante que as crianças compreendam o mundo em que vivem. Elas são os futuros cidadãos do mundo e, quanto antes conseguirem falar e elaborar questionamentos, mais cedo podem compreender e engajar-se no mundo dos adultos, com conhecimento e reflexão.
V.: O que lia quando criança? Gostava de escrever também?
A. M.: Desde a infância, sou apaixonada pela leitura. Comecei a ler a saga Harry Potter e nunca mais parei.Também gosto muito de um livro francês chamado Tara Duncan, de Sophie Audouin-Mamikonian. Li na íntegra Desventuras em Série, de Daniel Handler, ilustrada por Brett Helquist. E, nos meus anos de adolescente, li Jogos Vorazes, que tinham uma perspectiva mais política. Tenho o prazer de escrever desde quando criei o hábito da leitura.
V.: Você tem filhos?
A. M.: Não tenho filhos, mas meus primos têm muitas crianças, como falei. Fico bastante com elas. Amo meus sobrinhos e meus primos como se fossem meus filhos.
V.: Ratolândia é seu primeiro livro. Pretende escrever algo novo?
A. M.: Sim, é meu primeiro livro. Por conta da pandemia da Covid-19, não consegui aproveitá-lo junto aos leitores. Então, prefiro esperar um pouco e começar a pensar em outra coisa quando as pessoas já tiverem se esquecido desse. Eu estava com muitos projetos, então, não estou entediada!
V.: Como foi seu processo criativo e o trabalho ao lado de Ma Sanjin?
A. M.: O trabalho com Ma Sanjin foi a distância, então a editora foi uma importante mediadora. Fui vendo exemplos de ilustrações, dava minha opinião. Quando a editora propôs o Sanjin, fiquei extremamente alegre! Amo o que o livro se tornou com o trabalho dele.
V.: Você tem algum animal de estimação?
A. M.: Tenho um gato, mas ele é bem mais legal do que os do livro! Talvez seja por isso que não tenhamos ratos em casa. O nome dele é Dovahkiin e tem 2 anos. Adotamos ele depois que escrevi o livro. Tive um ratinho antes, mas ele morreu durante a pandemia.
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