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Mickey Feio, Forte e Formal

Por Rogério de Campos*

Ilustração: Massimo Mattioli, em Squeak the mouse

Encarte da terceira edição da revista Animal

“O rato. Um típico personagem que já pintou nas pranchetas de muitos desenhistas famosos. Mas, enfim, chegou a sua vez, leitor. Apanhe aquele rato que está no fundo da sua gaveta e mande para o… 1º Concurso de desenhos de ratos da revista Mau”. Em 1988, o encarte da edição nº 3 da Animal fez a convocação e vários desenhistas responderam, enchendo a redação de ratos, ratazanas e camundongos. De autores já bem conhecidos na época, como a Mariza e o Oswaldo Pavanelli, a iniciantes como Adão Iturrusgarai e Danilo Beyruth.

O juiz do concurso foi o próprio Walt Disney, então reencarnado. Disney foi bem criterioso:“conduzir um julgamento para um concurso de tamanho porte exige, além de atenção minuciosa, muita firmeza, responsabilidade e samba no pé”.

De todos os animais que infestaram a revista Animal, os roedores certamente formam a maioria. Vários Mickeys enfeitavam já primeira página do primeiro número da revista, desenhados pelo Fábio Zimbres. A revista também teve o Níquel Náusea, do Fernando Gonsales, o malandro Kebra, do francês Jano, e até um rato tatuado na cabeça do Cipriano Boêmia, na capa do encarte Mau, da edição nº 4. O próprio Mickey Mouse parece na primeira edição da revista, na HQ “An American Story”, de Chester Brown, que eu, na época editor da Animal, havia originalmente pirateado para meu fanzine, o Xerox. Mas, sem dúvida, o rato de maior sucesso na Animal foi Squeak the Mouse, de Massimo Mattioli, que havia sido publicado originalmente na revista italiana Frigidaire, a mesma que fez a fama do Ranxerox e do desenhista Andrea Pazienza.

Massimo Mattioli estreou como quadrinista em 1967, na revista católica Il Vittorioso. Nos anos 70, criou a série “M le Magicien” para a Pif, revista infanto-juvenil ligada ao Partido Comunista Francês, mas também a série Pinky, para a revista católica Il Giornalino. Então, em 1977, junto com Stefano Tamburini, criou a revista Cannibale, que  revolucionou os quadrinhos italianos. Logo depois, Matiolli foi um dos fundadores da Frigidaire. A HQ de Mattioli estreou no primeiro número da Animal quase que por acidente: o plano era que entrasse uma HQ do francês Luc Cornillon (que acabou entrando no número 2 da revista), mas, na última hora, houve uma problema na negociação dos direitos e improvisei com o Squeak. Pura sorte!

*Rogério de Campos é diretor editorial da Veneta e autor de Imageria – o nascimento das histórias em quadrinhos, O Livro dos Santos, Super-Homem e o Romantismo de Aço e Revanchismo.

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