v-de-veneta

Em breve, a 2ª temporada do V de Veneta no Youtube. Inscreva-se no nosso canal

Endereço: Rua Araújo, 124, 1º Andar, São Paulo          Tel.: +55 (11) 3211-1233          Horário: Seg. à Sex., das 9h às 19h.

SOBRE HISTÓRIAS E LEVANTES

Siga-nos

Leia o posfácio da nova edição de CUMBE, que também traz desenhos e esboços inéditos

Texto e ilustrações: Marcelo D’Salete (cenas de Cumbe)

Cumbe foi publicado pela primeira vez no Brasil em 2014. As pesquisas para sua elaboração começaram muitos anos antes. Esses estudos abarcaram a escravidão no Brasil colonial e as diversas formas de existência e resistência negra no período. Aos poucos, dirigiram-se para casos específicos envolvendo senhores e escravizados. Esse escopo foi a base desta publicação.

Conhecer mais sobre a cultura dos povos de origem banto (falantes do quimbundo, ovimbundo etc.), propiciou a construção das personagens, suas crenças, propósitos e objetivos. As obras de Robert Slenes, José Redinha, Nei Lopes, Aires da Mata Machado, Clóvis Moura, entre outros, tornaram-se referências imprescindíveis.

 

Muitos dos termos, símbolos e das obras presentes nessas narrativas originaram-se em povos dos antigos reinos de Angola, local de onde foi trazida a maior parte dos africanos escravizados nos séculos XVI e XVII.

‘Calunga’, ‘malungo’, ‘mocambo’, ‘nsanga’,‘nzambi’, entre outros termos, fazem parte desse contexto. Entretanto, em terras latino-americanas, esses conceitos acabaram adquirindo novos contornos e sentidos. ‘Mocambo’, por exemplo, indicava originalmente uma habitação simples. Já no Brasil colonial do século XVII, tornou-se sinônimo de negros alevantados na mata. Mais tarde, o mesmo termo transfigura-se em ‘quilombo’, repleto de sentidos políticos. No entanto, quilombo tem sua origem nos antigos acampamentos militares dos perigosos imbangalas do interior de Angola.

Para a elaboração dos desenhos, visitei algumas das regiões do nordeste brasileiro (Pernambuco, Alagoas, Maranhão etc.) e recorri a obras dos artistas holandeses atuantes em Recife no século XVII. Após os esboços, a finalização de cada página, em geral, foi realizada com nanquim e acrílica sobre papel. Os balões e textos foram inseridos por último, usando programas digitais.

 

 

Este livro foi impresso também em Portugal (Polvo, 2015), França (Çà et Là, 2016), Itália (Becco Giallo, 2016), Áustria (Bahoe Books, 2017) e nos Estados Unidos (Fantagraphics, 2017). A edição brasileira atual, ampliada, conta com esboços, comentários e algumas das capas estrangeiras. ‘Cumbe’, um termo de origem quimbundo, significa luz, sol, força. Em 1730, denominava um antigo mocambo na Paraíba, provavelmente constituído por remanescentes de Palmares. Atualmente, há um município em Sergipe com esse nome. Hoje, entretanto, é uma palavra pouco conhecida no Brasil.

 

É possível ler este livro em conjunto com a obra Angola Janga – Uma história de Palmares, publicada em 2017. Os dois quadrinhos foram elaborados em paralelo. Cada qual à sua maneira, versam sobre o Brasil colonial, seus meandros, suas picadas, escaramuças, seus conflitos e levantes negros.

Marcelo D’Salete, janeiro de 2018

 

 

 

PRODUTOS RELACIONADOS

                                          

 

 

CUMBE – Edição Ampliada – Galeria:

Você também vai gostar

Deus, a criação de Rafael Campos Rocha, tornou-se uma das personagens mais cultuadas da HQ brasileira contemporânea. E talvez a...
Pecora Grande retorno aos quadrinhos do artista e ilustrador Marcelo Bicalho, conhecido das páginas da revista Animal, Pecora narra a...
Leia trecho do livro 68 – Como incendiar um país, de Maria Teresa Mhereb e Erick Corrêa (org.) *Por Maria Teresa...
Por Rogério de Campos* Ilustração: Massimo Mattioli, em Squeak the mouse “O rato. Um típico personagem que já pintou nas...