André Curtarelli: “Impossível não pensar em uma HQ ao olhar o John John”
Por Seham Furlan
André Curtarelli é o humano do John John de carne e osso. De acordo com o dono, é difícil perceber as diferenças entre o John John dos quadrinhos e o cachorrinho da vida real. O animal de estimação vive produzindo momentos hilários, dignos das histórias boas de serem contadas.
Quando criança, André gostava muito de andar de bicicleta, inventar brincadeiras com outras crianças e de ler – em especial, quadrinhos! O pequeno André sentia-se orgulhoso ao perceber que partilhava o hábito da leitura com os adultos. Conversamos com André sobre O Paraíso de John John, escrito ao lado de Juliana Frank e ilustrado por Rafa Campos Rocha.
Outra História: Alguma leitura te marcou quando criança? Os quadrinhos faziam parte da sua estante?
André Curtarelli: Coincidentemente as leituras que mais me marcaram quando criança eram quadrinhos. Lembro de ganhar histórias em quadrinhos da Turma da Mônica e do Garfield dos meus pais. Depois que comecei a ler, realmente gostei das histórias, mas lembro especificamente da sensação de orgulho de me sentir “gente grande” por estar lendo como os adultos que conhecia também faziam.
OH!: O que gostava de fazer na infância?
A. C.: Fui uma criança que gostava muito de brincar na rua, andar de bicicleta e correr. Todos os dias tramava algo diferente para fazer, ou inventava uma brincadeira nova com meus amigos. Inclusive, gostava tanto de correr e jogar bola que uma vez recusei o convite para sair com uma garota, porque achei mais interessante andar de carrinho de rolimã.
OH!: O John John é inspirado no seu cachorro real. O que esses dois bichinhos têm em comum? E o que eles têm de diferente?
A. C.: É mais fácil comentar aquilo que eles não têm em comum: a voz. Tudo que o John John dos livros faz é algo que o John John da vida real fez ou que facilmente é possível imaginar ele fazendo. Ambos são levados, inventivos e muito engraçados em tudo que fazem.
OH!: Como surgiu a ideia de transformar o John John em personagem de quadrinhos?
A. C.: Olhando o John John na vida real é quase impossível não imaginar um personagem de quadrinhos. Ele é cheio de vontades, energia, com uma carinha cheia de expressão que promove momentos cômicos quase diariamente, seja correndo atrás dos gatos, fugindo da Lana para não ter que dividir comida roubada ou por comer simplesmente todos os tipos de comida imagináveis, menos pão dormido, porque até John John tem limites.
Olhando tudo isso eu ficava imaginando: “O que será que ele estaria falando se conseguisse conversar?”. Daí surgiu o John John dos quadrinhos, mais por mérito dele, do que meu.
OH!: Como a Juliana e o Rafa foram parar nessa história?
A.C.: Depois de ter inventado um personagem para o John John e usar isso como piada, um dia estávamos em um jantar em família e um de nós disse: “Já imaginou que legal uma história em quadrinhos do John John?”. Depois dessa pergunta, a Juliana Frank surgiu como mentora literária para trazer as histórias à vida.
Com as histórias escritas, a última questão era decidir quem daria forma ao John John. Essa não foi uma dúvida que durou muito tempo, já após analisar as opções, era difícil imaginar o John John desenhado por outras mãos que não as do Rafa Campos Rocha. Por sorte ele também topou entrar no projeto!
OH!: Do que você mais gosta no John John personagem?
A.C.: Com certeza a percepção distorcida de realidade causada em parte pelo egocentrismo e um pouco pela inocência do John John é o que mais gosto. Acho que isso permite que não importe o que o protagonista faça, o leitor sempre acaba apoiando o que ele faz. Pensando bem, acho que o John John da vida real se apoia nessa inocência para se safar das coisas que apronta todo dia.
OH!: Como seria o paraíso de André Curtarelli?
A.C.: Certamente teria muita semelhança com O Paraíso de John John: um lugar onde você come à vontade, apronta e se diverte sem ter que se preocupar com as consequências. Além dessa semelhança, meu paraíso com certeza teria o próprio John John!
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