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Gramsci no Brasil

Leia o posfácio de Gramsci em Quadrinhos.

Por Lincoln Secco*

No dia 7 de dezembro de 1933, após pedidos insistentes e uma campanha internacional a respeito de suas precárias condições de saúde, Antonio Gramsci foi finalmente transferido da prisão de Turi¹ para uma clínica em Formia². Mas a preocupação do detento era com seus livros. Especialmente com seus cadernos manuscritos. Gramsci temia que a direção do cárcere lhe confiscasse tudo o que havia escrito. Então, preparou uma operação: enquanto ele mesmo distraía seus carcereiros, um jovem amigo de cela, Gustavo Trombetti, enfiava os cadernos embaixo das roupas, no fundo da mala. 

Quando Antonio morreu em 27 de abril de 1937, Piero Sraffa, seu amigo e correspondente, interpelou o centro exterior do Partido Comunista da Itália sobre o que fazer com os manuscritos. Palmiro Togliatti escreveu-lhe falando com veemência da herança política e literária de Antonio. Decidiu-se enviá-los a Julia, esposa de Antonio, em Moscou (o que significava, em verdade, fazê-los chegar a Togliatti).

Quando Piero chegou à Itália, em junho, ele cuidou para que os cadernos ficassem sob custódia no cofre de um banco, onde permaneceram por um ano. Depois disso chegaram a Moscou num baú. Foi assim que os cadernos de Antonio Gramsci foram salvos. 

Palmiro Togliatti publicou os Cadernos do cárcere entre 1948 e 1951. Ele reagrupou as notas de Gramsci por grandes temas. Assim, favoreceu uma leitura “fácil”, militante, mas também dirigida. Foram seis livros: Maquiavel, o Estado e a política moderna; Literatura e vida nacional; Passado e presente; O materialismo histórico e a filosofia de Benedetto Croce; O Risorgimento; Os intelectuais e a organização da cultura. Além disso, foram publicadas também as Cartas do cárcere

Argumentou-se que, embora essa seja ainda a mais importante edição dos textos gramscianos, ela está ligada à chamada via nacional para o socialismo (estratégia do Partido Comunista Italiano no pós-guerra). Agrupar as críticas de Gramsci a Croce, por exemplo, e não a crítica a Bukharin, revela uma escolha. No segundo caso, seria mostrar um Gramsci que questionava o materialismo soviético, algo inoportuno na época stalinista. Além disso, os Cadernos não foram escritos com unidades temáticas, ainda que Gramsci possa ter tentado unificar seus escritos segundo esse critério a partir de 1935, como diz Nestór Kohan. O que restou foram textos fragmentários, mas sob o prisma fundamental da política. 

Em 1975, Valentino Gerratana publicou os textos como eles aparecem nos cadernos originais. Obra mais “difícil” de ler e que interessou bem mais aos especialistas. Ainda assim, a ordem dos textos não é, nessa edição, necessariamente a cronológica, pois Gramsci escrevia às vezes em mais de um caderno na mesma época. 

No Brasil dos Anos 1920-1930

A recepção do pensamento de Gramsci no Brasil se inicia com um notável militante. O tipógrafo Antonio Bernardo Canellas teve uma experiência anarquista antes de ingressar no movimento comunista. E foi o responsável pelo fato de o IV Congresso da Internacional Comunista (1922) não ter reconhecido o PCB, porque ousou debater assuntos dos comunistas franceses, defender a presença de maçons e religiosos no partido e confrontar o próprio Trotsky, que o chamou de “le phenomène del’Amérique du Sud”

De volta ao Brasil, Canellas escreveu em 1923 um relatório de sua participação em português e francês. Fez provavelmente a primeira menção ao nome de Gramsci. Mais do que isso, ele se reuniu com Gramsci numa das comissões do IV Congresso. Nesse mesmo ano, 24 de outubro, o Jornal do Brasil noticiou um processo contra comunistas italianos, incluindo Gramsci.

Em 1927, o nome de Gramsci aparece numa lista de prisioneiros processados pelo tribunal especial de Roma, publicada em São Paulo no jornal La Difesa, em 24 de julho. Em 16 de junho de 1928, na edição dominical, o nome de Gramsci reapareceu numa informação sobre a condenação de comunistas pelo tribunal fascista. A mesma notícia foi repercutida pelo Correio Paulistano.

Entre os trotskistas brasileiros, o seu nome aparece em 1932. Ele é citado num livro de Trotsky, traduzido por Mário Pedrosa: Revolução e contra-revolução na Alemanha³. Já o primeiro artigo sobre a situação de Gramsci no cárcere foi publicado pelo jornal antifascista O Homem Livre em 17 de junho de 1933. O autor era Goffredo Rosini, ex-membro do Partido Comunista Italiano que aderiu ao trotskismo4.

Na Europa surgiu um comitê internacional pela liberdade de Gramsci. Uma publicação desse comitê saiu no Brasil: era a denúncia de Romain Rolland, “Os que morrem nas prisões de Mussolini; Antonio Gramsci5”, cuja edição francesa tem sua capa aqui reproduzida por Miguel Repiso (Rep). O opúsculo foi traduzido do francês em 1935 pelo poeta Colbert Malheiros, que algum tempo depois seria preso por ser membro da Aliança Nacional Libertadora, liderada por Prestes. Um comunicado daquele comitê foi publicado pelo jornal Marcha em 16 de outubro de 1935.

OS ANOS 1940: O HOMEM DE PARTIDO 

O segundo pós-guerra trouxe consigo os ventos democráticos da vitória antifascista e a repercussão dos heroicos feitos dos exércitos soviéticos contra a ameaça nazista. O prestígio comunista cresceu, e foi recolhido tanto nas eleições parlamentares de dezembro de 1945, quanto na atração que o PCB exercia sobre a intelectualidade. 

Na imprensa em geral o nome de Gramsci é citado em O Jornal (RJ), Correio da Manhã (RJ), Fundamentos e Diretrizes (RJ). Gramsci aparece mais na imprensa comunista em publicações como Tribuna Popular (RJ) e Voz Operária (RJ) – ele já havia sido apresentado a alguns leitores brasileiros num livro do conde Carlo Sforza, que o incluiu na galeria de políticos importantes da Itália6. Jacob Gorender, então combatente da força expedicionária brasileira na Itália, e já militante comunista, costumava frequentar as sedes do PC italiano. Ao retornar ao Brasil, em 1945, ele escreveu um artigo sobre Gramsci7.

A recepção de Gramsci no Brasil se altera. Antes, fora conhecido por um comunista dissidente, por alguns socialistas e trotskistas. Agora, ele é apresentado aos leitores e leitoras do Brasil como inimigo do trotskismo; é homem de partido.

O artigo “Antonio Gramsci, herói da classe operária”, publicado pela Classe Operária em 31 de maio de 1947, um jornal ligado ao PCB, mostrava Antonio Gramsci como um teórico que na prisão desmascarou o trotskismo. “Antes de tudo” – disse Togliatti – “Gramsci foi e é homem de Partido”. Em outubro de 1947, a revista Literatura (dirigida pelo comunista Astrojildo Pereira) publicou uma resenha de Carrera Guerra sobre  Cartas do cárcere8.

A revista Problemas, mais representativa dos objetivos oficiais dos comunistas brasileiros, divulgou explicitamente a figura de Gramsci. O primeiro artigo foi divulgado numa seção permanente da revista, chamada “Figuras do movimento operário”. Tratava-se do depoimento de um operário comunista que convivera com Gramsci na prisão. 

OS ANOS 1950: PRIMEIRA DIFUSÃO 

Em 1950, na mesma seção “Figuras do movimento operário”, a revista Problemas traz à luz o artigo de Palmiro Togliatti sobre Gramsci, originalmente publicado em Stato Operaio, em 1937. Gramsci aparece em primeiríssimo lugar como o “primeiro bolchevique italiano”, leninista convicto, antitrotskista e aplicador das diretrizes da Internacional Comunista. Desse modo, Togliatti atribui a Gramsci uma frase inverossímil: “Trotsky é a prostituta do fascismo”. Problemas editou anos depois uma resenha do italiano Luciano Gruppi.

Fora dos círculos comunistas, Otto Maria Carpeaux foi um conhecedor e difusor pioneiro de Gramsci nos anos 1950. Ele já havia citado Gramsci em 1948 no Diário de Pernambuco e, em anos seguintes, em vários artigos em diferentes jornais, nos quais tratou de fascismo, da obra de Croce, de Gaetano Mosca etc9.

 Após a Segunda Guerra Mundial, o nome de Gramsci tornou-se mundialmente conhecido. Na Argentina, o comunista Hector Agosti foi o responsável pela publicação das Cartas do cárcere em 1950, e, entre 1958 e 1962, dos Cadernos do Cárcere, sempre pelas Ediciones Lautaro. As obras de Gramsci foram publicadas numa miríade de idiomas, desde o persa até o sueco e o chinês; além disso, produções significativas sobre o seu pensamento surgiram nos principais países do Ocidente. Na França apareceram edições das Ouvres Choisies, das Lettres e artigos de Garaudy10, Desanti11 etc., todos nos anos 1950.

Na Alemanha e na Inglaterra, a recepção da obra gramsciana foi mais tardia e lenta. Enquanto isso, na União Soviética, além do pioneiro gramsciano Egerman que publicou diversos artigos entre 1949 e 1957, a obra de Gramsci foi pouco conhecida; somente em 1957, após o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em que se denunciaram os crimes de Stalin, foram editadas as obras escolhidas de Gramsci em russo. 

Em contrapartida, Gramsci tem suas principais obras traduzidas para o servo-croata e o esloveno desde 1951, e foi significativa a produção teórica sobre seu pensamento na Iugoslávia, nação que não integrava o conjunto dos países aliados da URSS.

OS ANOS 1960: PRIMEIRAS ABORDAGENS 

Gramsci aparecia em 1961, para Antonio Candido, como exemplo de leitura política da obra literária, mas livre das amarras partidárias. Era um novo momento. No Brasil, são traduzidas obras de Sartre, Marcuse, Lukács, Galvano della Volpe e Louis Althusser. É nessa atmosfera política e cultural que Gramsci reaparece fora da orientação partidária. Citações de seu nome e alusões à sua obra se tornam comuns nos grandes jornais do país.

Uma tentativa de discussão política da obra de Gramsci foi o artigo de Michael Löwy “Consciência de classe e partido revolucionário”, publicado na Revista Brasiliense em 1962. Antes, vários intelectuais engajados já conheciam a obra de Gramsci (como Otto Maria Carpeaux, Augusto Meyer, Ferreira Gullar, Carlos Nelson Coutinho, Pedro Uchoa Cavalcanti, Leandro Konder, Nelson Werneck Sodré e muitos outros).

Em 1966, Carpeaux publicou o último volume de sua História da literatura ocidental, em que fez uma referência a Gramsci num longo parágrafo12. No mesmo ano publicou “A vida de Gramsci” na Revista Civilização Brasileira13. É quando começa a publicação das obras de Gramsci no Brasil, segundo a edição de Togliatti. Além das Cartas do cárcere, quatro volumes foram editados14. Não foi possível publicar os outros dois volumes dessa edição temática. 

Sairia ainda uma carta de Gramsci sobre o futurismo italiano em 1969 no livro Literatura e revolução, de Trotsky. Contudo, com o fechamento institucional de fins de 1968 o interesse por Gramsci decai. Ainda assim, ele é tema de debates num capítulo de um livro de Leandro Konder, na dissertação de Mario Innocentini defendida na USP em 197215 e num texto mimeografado de Sergio Miceli em 197416.

Edição Sem Edição

A quantidade de títulos sobre Gramsci no mundo subiu de 947 títulos em 1967 (segundo Elsa Fubinbi) para 6 mil em 1989 (de acordo com John Cammet). 

O Brasil integrou esse boom editorial. Depois de meados dos anos 1970 surgem várias dezenas de artigos de brasileiros sobre Gramsci, inúmeros excertos e coletâneas da sua obra e diversos textos e livros traduzidos sobre seu pensamento, além da reedição dos volumes temáticos dos Quaderni publicados em 1966-68 e algumas teses acadêmicas. Tudo isso ocorreu no período entre 1975 e 1984. 

Apesar disso, foram escassas as edições de novos textos do próprio Gramsci na forma de livro. Exemplo isolado foi uma publicação dos alunos do Departamento de História da Universidade de São Paulo em abril de 1975. O Centro Acadêmico lançou no quarto número de seu Caderno de História um breve artigo de Marcos Silva, acompanhado de uma rica bibliografia auxiliar e da tradução de um excerto da obra de Gramsci. 

Em 1978, foi publicado o volume das Obras escolhidas de Gramsci traduzido por Manoel Cruz. Carlos Nelson Coutinho, em seu pioneiro Gramsci, de 1981, editou fragmentos dos Cadernos e onze textos do período pré-carcerário. Procurando mostrar um Gramsci mais radical, Emir Sader organizou o volume Gramsci: sobre poder, política e partido em 1990.

Novo Contexto

Os seminários sobre Gramsci se multiplicaram nas universidades brasileiras. Isso tudo criou um público para as obras de Gramsci que incluiu ainda os novos movimentos sociais.

A partir de 1999 teve início a publicação da nova edição dos Cadernos do cárcere (Civilização Brasileira). Ela não seguiu nem a ordem temática de Togliatti e nem a ordem espacial de Gerratana. Em 2017, por fim, veio a lume o Dicionário Gramsci (Boitempo).

Conclusão

Mal sabiam os estudiosos de Gramsci que, nos anos 1980, lentamente se erguia diretamente dos porões das Forças Armadas uma nova ideologia: o “gramscismo”. Em três decênios, ela passou da obscuridade ao poder, sem perder o caráter bizarro. 

O documento da delegação militar brasileira na 17ª Conferência dos Exércitos Americanos em novembro de 1987 em Mar del Plata, na Argentina, apontava Antonio Gramsci como o ideólogo da nova estratégia do Movimento Comunista Internacional. Desde então o “gramscismo” foi denunciado por generais, sites de internet, editoriais de jornal e intelectuais ressentidos.

Não nos iludamos: os “gramscistas” são eles. Reduzem princípios de Antonio Gramsci a instrumentos de propaganda neofascista. Mas o que é para eles vulgarização é para Néstor Kohan e Miguel Repiso a difusão, no elevado sentido gramsciano: o encontro entre os sentimentos das pessoas comuns e a teoria revolucionária; entre a espontaneidade e a direção consciente.

Notas e referências:

1 Na região da Puglia, sul da Itália.

2 Na Itália central, entre Roma e Nápoles.

3 TROTSKY, Leon. Revolução e contra-revolução na Alemanha. Tradução de Mário Pedrosa. São Paulo: 1932.

4 “Enquanto se prepara o ‘Raid’ de Balbo – Como se assassina Antonio Gramsci”, em O Homem Livre, n. 4. São Paulo, 17 de junho de 1933; alguns dias antes o mesmo jornal publicou outro artigo acerca da situação italiana, “Matteotti e a reação sanguinária”, no qual o político italiano, assassinado pelos fascistas, é descrito como “herói-mártir das liberdades postergadas […] pelo fascismo” (O Homem Livre, 10 de junho de 1933).

Provavelmente é um artigo escrito pelo mesmo autor do artigo sobre Gramsci.

5 ROLLAND, Romain. Os que morrem nas prisões de Mussolini. Tradução de Colbert Malheiros. São Paulo: Udar, 1935. Foi traduzido do original francês Antonio Gramsci: ceux qui meurent dans les prisons de Mussolini (Paris: Éditions du Secours Rouge International, 1934).

6 SFORZA, Carlo. A Itália contemporânea. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1945.

7 GORENDER, Jacob. “A nova democracia italiana (o Partido Comunista de Gramsci e Togliatti)” Tribuna Popular, 13 de outubro de 1945.

8 GUERRA, E. C. “As novas cartas de Gramsci”. Literatura, n. 6. Rio de Janeiro: outubro-dezembro de 1947.

9 Ver, por exemplo: CARPEAUX, O. M. “Última verba”. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 13 de setembro de 1964.

10 Roger Garaudy (1913-2012), filósofo comunista francês. No final da vida, converteu-se ao islamismo.

11 Jean-Toussaint Desanti (1914-2002), filósofo francês.

12 CARPEAUX, O. M. História da literatura ocidental; vol. 8 . 2a ed. Rio de Janeiro: Alhambra, 1984, p. 2.241.

13 CARPEAUX, O. M. “A vida de Gramsci”. Revista Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, no 7, maio de 1966.

14 Cartas do cárcere, “Introdução” de Noênio Spínola (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966); Concepção dialética da historia, “Introdução” de Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966); Literatura e vida nacional (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968); Maquiavel, a politica e o Estado moderno (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968); Os intelectuais e a organização da cultura (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968).

15 INNOCENTINI, Mario. Estado e sociedade: contribuição para o estudo do conceito de hegemonia na obra de Antonio Gramsci (São Paulo: USP FFLCH, 1972 – dissertação de mestrado).

16 MICELI, Sergio. “Ideologia, aparelhos de Estado e intelectuais em Gramsci”, mimeografado, 1974.

*Lincoln Secco nasceu em São Paulo, em 1969. É professor
de História Contemporânea na Universidade de São Paulo
(USP), e autor de diversos livros, entre eles Gramsci e o
Brasi
l (Cortez, 1995), A revolução dos cravos (Alameda,
2005), Gramsci e a revolução (Alameda, 2006), Caio
Prado Júnior
(Boitempo, 2008), Retorno a Gramsci
(LCTE, 2011), A Batalha dos Livros (Ateliê, 2017).

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