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Crowley, Alan Moore, Neil Gaiman e a simpatia pelo 666

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Em maio, chega às livrarias ALEISTER CROWLEY, uma biografia em quadrinhos do mestre do ocultismo que influenciou Alan Moore, os Beatles e Fernando Pessoa. Livro já está em pré-venda.

Citações a Aleister Crowley são frequentes na música pop, de Beatles e David Bowie a Raul Seixas e Iron Maiden. Mas ele também é uma influência importante para vários quadrinistas  e até aparece como personagem na aclamada graphic novel DO INFERNO, de Alan Moore e Eddie Campbel. Leia abaixo trecho do prefácio da edição brasileira de O LIVRO DA LEI de Aleister Crowley, o texto mais famoso do mago, publicado pelo selo Chave, que lança a HQ ALEISTER CROWLEY parceria com a Veneta.


Por MB

“Quando a BBC, em 2002, fez uma consulta popular a respeito de quem seriam os 100 maiores britânicos de todos os tempos, Crowley perdeu para nomes como Churchill, Shakespeare, Darwin, John Lennon e Lady Di, mas ficou à frente de, por exemplo, J. R. R. Tolkien, Bono, o pioneiro da máquina a vapor James Watt, e Geoffrey Chaucer, pai da literatura inglesa. Após sua morte, em 1947, a popularidade de Crowley começou a aumentar até ele se tornar uma espécie de herói da contracultura.

Detalhe de ALEISTER CROWLEY

Ainda que isso pudesse ser uma surpresa para os leitores dos tabloides ingleses dos anos 1930 ou qualquer dos amigos contemporâneos dele, a redescoberta de Crowley a partir dos anos 1960 parece hoje até natural quando vemos que ele foi um pioneiro da rebeldia pop, do misticismo, da revolução sexual, do orientalismo, do vestuário como fantasia e manifesto, da yoga, da louca autoconfiança da celebridade, da imagem pública como principal obra do artista, do prazer em desafiar os preconceitos pequenos burgueses e, é claro, da psicodelia.  ‘Para me adorar, tomai o vinho e as drogas estranhas das quais direi ao meu profeta & embebedai-vos delas!” diz O Livro da Lei. E Crowley foi atrás de drogas estranhas. Já em 1907, depois de “se envenenar com todas as substâncias relacionadas (ou não) na farmacopeia’, Crowley escreve uma pioneira defesa da cannabis, The Psychology of Hashish, na qual chega à conclusão que o Elixir Vitae com o qual sonhavam os alquimistas é a ‘sublimada ou purificada preparação da Cannabis Indica’. Em 1910, promove seus Ritos de Elêusis em Londres, que alguém poderia descrever como uma festa psicodélica turbinada com mescalina. Crowley teria sido aquele que apresentou o peiote a Aldous Huxley e o haxixe a H. G. Wells. Teve uma influência muito importante sobre William Burroughs. Timothy Leary chegou a dizer que ‘continuava o trabalho iniciado por Crowley’. Robert Anton Wilson, bem mais sensato, diz não se entusiasmar muito pelo Crowley das drogas e nem pelo seu ocultismo, mas pelo Crowley escritor e seu método de contatar alienígenas.

Nos quadrinhos, a principal forma narrativa ficcional da contracultura, Crowley começou a aparecer aqui e ali a partir dos anos 1970. Mas a chamada Invasão Britânica, que, nos anos 1980, apresentou ao mundo uma nova geração de quadrinistas do Reino Unido, quase pode ser chamada também de Invasão Crowleyana.

Cena de ALEISTER CROWLEY

O Sandman de Neil Gaiman surge nos quadrinhos ao ser capturado por engano em um ritual desastroso do mago Roderick Burgess, criado à imagem de Crowley (de quem, na HQ, é um rival). E em Belas Maldições, de Gaiman e Terry Pratchett, Crowley é o nome de um dos protagonistas: o demônio que se junta ao anjo Aziraphale na tentativa de impedir o fim dos tempos.

No caso de Grant Morrison, quase toda a sua obra tem alguma influência de Crowley: ‘ele é o Picasso da Magia’, diz o quadrinista, que se autointitula também um mago. Na graphic novel Batman: Asilo Arkham, que é até hoje sua HQ de maior sucesso tanto de vendas como de crítica, Morrison menciona explicitamente Crowley ao recriar a biografia fictícia do fundador do manicômio de Gotham City. Amadeus Arkham conta que, quando jovem, viajou à Inglaterra e foi ‘apresentado ao ‘homem mais perverso do mundo’… Aleister Crowley’.

‘Pareceu-me um homem encantador e muito educado’, diz Amadeus, “discutimos o simbolismo do Tarot egípcio e ele me venceu no xadrez… duas vezes”. Além disso, um dos personagens da graphic novel aparece diversas vezes lendo o Thoth Tarot, de Crowley. Morrison também escreveu uma premiada peça de teatro sobre o mago: Depravity, de 1990.

Mas, apesar dos esforços de Morrison, o maior divulgador das ideias de Crowley nos gibis é Alan Moore, que cita O Livro da Lei diversas vezes em seus quadrinhos, entre eles o famoso V de Vingança. Os fãs mais atentos já notaram que a data 12 de outubro (data de nascimento do mago) surge também várias vezes nas HQs de Moore. Crowley aparece como criança em Do Inferno, a obra-prima de Moore. E aparece transformado em mulher na série Promethea, que um crítico já definiu como ‘um gibi da Mulher Maravilha escrito por Aleister Crowley’. Em 1996, Moore chegou a desenvolver com o desenhista John Coulthart um ambicioso projeto dedicado a Crowley, mas o livro ou o que quer que pudesse ter sido, ficou inacabado.”

 

Cena de DO INFERNO com Aleister Crowley

 

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